Foto: Rio 2016/Fernando Soutello |
No próximo dia 20 de julho, serei um dos 12 mil condutores que levarão a Tocha Olímpica dos Jogos Olímpicos Rio 2016, muito provavelmente aqui na minha cidade, Rio Claro, interior de São Paulo e acompanho com bastante angústia (se é que assim posso definir) toda a repercussão do Revezamento da Tocha Olímpica no país. Nas redes sociais, todos os dias, críticas e mais críticas são feitas. E não vamos considerar que estejam erradas, a propósito, a motivação deste texto (desabafo) não é querer justificar, ou minimamente tentar deixar de lado tudo que de errado ocorreu até o atual momento, as vésperas do evento.
Muito pelo contrário, enxergo toda essa indignação como positiva, é a população dizendo que não concorda com um acontecimento desses na atual situação do país. Vamos e venhamos concordar que investir bilhões na realização de um evento esportivo com um país tendo fortes déficits em saúde, segurança, educação não é uma ideia que deveria ter sido considerada. Muito menos, quando o orçamento para realização do evento aumenta consideravelmente, graças aos vários desvios de verba que aconteceram nesse meio tempo.
Fui escolhido para conduzir o símbolo dos Jogos Olímpicos em meu país por realizar projetos sociais, esportivos e culturais em minha cidade através de uma ONG que faço parte, a AJA – Associação Juventude Ativa, onde há cinco anos realizamos diversos projetos, sem um centavo de ajuda do governo, tudo sendo feito pelos próprios jovens, lutando todos os dias para que tudo dê certo.
Muitos dos que conduziram ou ainda vão conduzir a tocha tem histórias como a minha, de participação na sociedade visando um mundo melhor. Pessoas que doam o tempo de suas vidas para fazerem a vida de outras pessoas melhor. Além disso, muitos atletas também fazem parte do revezamento, não é preciso ser muito chegado na área pra saber que diversos deles sofrem com a dificuldade que existe para se praticar e levar adiante a prática de qualquer esporte no nosso país que não seja o futebol.
Creio que nesta hora, tentativas como as que espalharam na internet para tentar “sabotar” a tocha com baldes d’água, mangueiras ou extintores são tristes, pois não atentam diretamente contra os verdadeiros responsáveis pela situação do país, na verdade, atingem pessoas que muitas vezes fazem muito pelo Brasil (cada um na sua proporção, é claro) e por isso estão carregando este símbolo.
A verdade é que, quem merece um “balde d´agua” não é o fogo olímpico, e sim os políticos que portam uma triste cegueira que os impedem de visualizarem e darem a devida atenção para a atual conjuntura do país.
Vale lembrar, que depois dos jogos tem mais uma partida importante nesta história, as eleições, e cada um de nós vai poder colocar no banco de reservas esses que contribuem para toda essa desordem generalizada. A missão da população é clara, eleger quem realmente represente a voz das ruas. A voz de um povo cansado de levar um sete a um dia após dia através das atitudes de seus representantes.
Kauan Alves Talarico, 16 anos - Rio Claro/SP
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